sexta-feira, 18 de julho de 2014

A Culpa é das Estrelas, de John Green

A Culpa é das EstrelasJohn Green
Editora: Intrínseca
Ano de lançamento: EUA: 2012 – BRA: 2013
Título original: The Fault in Our Stars
Número de páginas: 288


A obra mais famosa do John Green tem uma protagonista mulher, Hazel Grace Lancaster – Hazel Grace ou só Hazel mesmo – e toda a história é narrada por ela, a começar de quando ela conhece Augustus Waters – apenas Gus – em uma reunião no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer (pode se dizer crianças cancerígenas?). Gus é um cara atraente, mesmo que um antigo osteossarcoma tenha roubado uma de suas pernas e agora ele tenha de caminhar com uma prótese especial.
Na reunião ele chama rapidamente a atenção de Hazel, assim como ela chama rapidamente a sua atenção. Os dois então passam a ser a alegria um do outro, embora um fantasma ronde o relacionamento amigável dos dois. Não é literalmente um fantasma; é apenas o fato de que Hazel já está em estado terminal de câncer, sem chance alguma de cura e esperando apenas a hora da morte. O “apenas” se dá porque, em grande parte do livro, ela age como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Nascer, crescer e morrer. Ela está de certa forma convencida disso, embora tenha apenas 16 anos e não tenha crescido o bastante. Alguns infinitos são maiores que outros.
Em certos momentos, ela tem algumas crises de baixa autoestima e passa a odiar o mundo por ter de partir tão cedo. Por que certos idiotas vão viver até os 100 anos, ter 5 filhos e 20 netos, morar no Texas para o resto da vida e ter um cortador de grama sempre disponível? Por que ela não pode ter uma vida assim? Não queria ter de carregar o Felipe para onde quer que fosse, porque só queria ser normal. Ninguém gosta de respirar por aparelhos e saber que vai morrer em alguns meses. É deprimente. Novamente: alguns infinitos são maiores que outros.
Tanto Hazel quanto Gus, que formam um casal ontologicamente improvável (Dicionário → →), têm uma visão diferente do mundo. Outra forma de vê-lo, eu diria. Uma forma bem diferente da que estamos acostumados a ver em adolescentes de pouco mais de uma década e meia de vida. Um pouco maduros para idade deles, mas com uma infantilidade inacreditavelmente camuflada pela ironia e pelo sarcasmo em suas piadas sem graça que, mesmo que ninguém as ache engraçadas, não significa que não sejam engraçadas de fato.
Cativada por uma romance escrito por um holandês, Hazel divide seu tempo entre Gus e o livro, que ela provavelmente já leu mais de 50 vezes. Ele simplesmente não tem um fim. O autor não conta qual o destino dos personagens, o que a instiga a relê-lo várias e várias vezes, na tentativa de descobrir nas entrelinhas o final de cada um. Mas é impossível! Apenas o autor sabe o que acontece após a última página, e Hazel não está disposta a morrer sem saber como tudo acaba. Isso seria extremamente horrível para um escritor, não seria? Deixar uma adolescente morrer sem saber como termina o seu livro? Realmente revoltante!
Enquanto o relacionamento entre ela e Gus avança – juntamente com seu câncer –, ela procura por repostas, tentando entrar em contato com o escritor. Mas as coisas são tão difíceis... Ele é tão difícil...
É dessa forma que a narrativa se desenvolve. Há outras coisas também, mas aí já entra spoiler e é melhor não falar nada. A história cativa, mas, com exceção de uma revelação, não tem muitas expectativas atendidas. Esperava mais! Bem mais! O enredo é bom, os personagens são divertidos, mas sinto que já vi algo parecido em algum lugar. Não é algo completamente novo. Quero dizer, com todo o sucesso do livro e tudo o mais, achei que fosse uma história que mudaria o mundo, mas é só uma história. Não é a única, muito menos a melhor.
P.S: O filme Inquietos, do diretor Gus Van Sant, conta uma história bem parecida...


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