Jacob Jankowski
tem 90 anos – ou 93 – e vive uma vida tranquila em uma casa de repouso depois
da morte de sua esposa. Como nem um dos seus filhos podia cuidar dele, pois já
tinham problemas demais, ele aceitara, embora relutante, se hospedar lá pelo
resto de sua vida. Para ele, aquilo é um asilo para velhos gagás e vegetais,
mas que outra escolha ele tinha? Mal conseguia andar 10 metros com suas
próprias pernas! Mas o tormento de comida para quem não tem dentes e de todos o
tratarem como um velho inútil diminui quando Rosemary, uma enfermeira do local,
passa a cuidar dele. Ao menos, ela o trata como uma pessoa com poucas
limitações, e não como alguém completamente inválido.
A chegada de um
circo à cidade, no entanto, está prestes a mudar os ares do local, e
imediatamente todos os outros “hóspedes” se animam para ver o espetáculo. Mas o
circo não trás apenas animação; com ele, todos os fantasmas do passado de Jacob
e do tempo em que ele cuidou de animais e trabalhou como veterinário em um
espetáculo também vêm à tona. Um período de grandes decepções e felicidades,
quando o amor e o ódio se cruzavam entre si.
O fim do ano
letivo estava próximo quando o desastre aconteceu. Prestes a fazer as provas
finais e concluir sua faculdade de veterinária, Jacob descobre que um acidente
de carro tirou a vida de seus pais e que agora todos os bens da família
pertencem ao banco. Isso aconteceu quando ele tinha 23 anos, as lembranças de
um passado de mais de 70 anos invadindo a memória do atual velhinho na casa de
repouso.
Ele está
sozinho. Sozinho e sem dinheiro. Em um momento de fraqueza, acaba pulando em um
trem em movimento. Não se importa com o lugar para o qual os trilhos o levarão,
não se importa com mais nada.
Não demora muito
para que Jacob descubra que aquele não é um trem comum. Na verdade trata-se de
um circo americano não muito famoso, que já está à beira da falência e que faz
de tudo para continuar na estrada. Ali, ele é admitido para cuidar dos animais,
devido a sua experiência na faculdade. Mas a estada no local não será das mais
maravilhosas, e isso fica provado ao conhecer Tio Al, dono do circo, e August,
chefe do setor de animais.
A vida no Circo Irmãos Benzini, O Maior Espetáculo da
Terra não é fácil: Jacob, bem como a maioria dos trabalhadores, nem sempre
recebe o pagamento pelo seu trabalho. As acomodações também não são das
melhores; vagões extremamente pequenos e superlotados. Mas ele tem a sorte – ou
azar – de ficar no vagão dos Artistas, tendo como colega de quarto um anão um
tanto pretensioso. Também não há água suficiente para todos, e não é de se surpreender
que ele passe alguns dias sem tomar banho.
Mas August está
disposto a ajudá-lo, embora ora pareça simpático e altruísta, e ora pareça
egoísta e determinado a tornar a vida de Jacob ainda mais sofrida. Idas ao seu
vagão para uns drinks e roupas
melhores se tornam comuns em sua presença. Além disso, Jacob apaixona-se. A
vida pareceria melhor, é claro, mas apenas se a mulher que chama sua atenção
não fosse Marlena, esposa de August e estrela do número dos cavalos. A elefanta
Rosie também o cativa, mesmo que ela tenha sido vendida para o circo como uma
das mais espertas no mundo, mas que, na verdade, seja tão burra quanto uma
porta – ou mais, até. No entanto, ela pode não ser tão burra assim... A
elefanta guarda um segredo. Um segredo inesperado.
Aos poucos, o
romance impossível entre Jacob e Marlena vai ganhando forma. Ela aparentemente
está de olho nele, mas é também apaixonada por August e o comportamento
explosivo de marido só complica as coisas. Não seria surpresa se ele descobrisse
tudo e decidisse matar o veterinário do circo, que não deveria ter saído de seu
lugar junto aos animais. Mas ele gosta de Jacob, às vezes até parece ser seu
amigo. Às vezes.
É a partir daí
que a história se desenrola, às vezes em flashbacks da misera e alegre vida de
Jacob no circo, às vezes em sua vida atual com seus 90 e tantos anos, sendo
estas duas partes interligadas por detalhes de sua vida atual que
inevitavelmente o fazem lembrar-se de seu passado. A escolha da autora que
optou por escrever ambas as partes no presente deu um charme especial à obra,
que tem várias cenas divertidas e descreve os espetáculos dos anos 1930 de uma
forma simples mas convencional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário